O Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers-2B, na sigla em inglês) completou um ano em órbita na sexta-feira (19/9). Como ainda está em operação o Cbers-2, lançado em outubro de 2003, pela primeira vez o Brasil tem dois instrumentos próprios para vigiar o seu território com melhor capacidade e freqüência de observação.
O Cbers-2B é o terceiro lançado pelo Programa Cbers, em cooperação com a China. Até 2013, estão previstos os lançamentos dos satélites Cbers-3 e 4.
O satélite tem três câmeras imageadoras a bordo: CCD, WFI e HRC. Essa diversidade de câmeras atende a múltiplas necessidades – do planejamento urbano, que requer alta resolução espacial, a aplicações que precisam de dados freqüentes mas não tão detalhados, como monitorar desmatamentos.
Inovação do Cbers-2B, a HRC produz imagens de uma faixa de 27 quilômetros de largura com resolução espacial de 2,7 metros, em uma região espectral pancromática única. Suas imagens em alta resolução de todas as capitais brasileiras e de algumas áreas de países da América do Sul estão disponíveis na internet.
O Cbers fez do Brasil o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo. Além dos usuários brasileiros, as imagens são fornecidas gratuitamente para países da América do Sul que estão na abrangência das antenas de recepção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em Cuiabá. O download gratuito das imagens é feito a partir do site www.obt.inpe.br/catalogo.
Desde junho de 2004, quando as imagens ficaram disponíveis na internet, foram distribuídas quase 500 mil imagens para cerca de 15 mil usuários de várias instituições públicas e privadas.
Assinado em 1988, o acordo de cooperação entre Brasil e China contemplava o desenvolvimento e construção de dois satélites de sensoriamento remoto que também levassem a bordo, além de câmeras imageadoras, um repetidor para o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais.
Os equipamentos foram dimensionados para atender às necessidades dos dois países, mas também para ingressar no emergente mercado de imagens de satélites.
Em 2002, foi assinado o acordo para a continuação do programa, com a construção de dois outros satélites – os Cbers-3 e 4, com novas cargas úteis e uma nova divisão de investimentos de recursos entre o Brasil e a China – 50% para cada país (nos primeiros satélites a divisão foi de 70% para a China e 30% para o Brasil). Porém, para garantir o fornecimento das imagens até o lançamento do Cbers-3, previsto para 2010, o Brasil e a China decidiram, em 2004, construir o Cbers-2B, lançado em setembro de 2007.
O Programa Cbers é um exemplo bem-sucedido de cooperação Sul-Sul em matéria de alta tecnologia e é um dos pilares da parceria estratégica entre o Brasil e a China. O Cbers é hoje um dos principais programas de sensoriamento remoto em todo o mundo, ao lado do norte-americano Landsat, do francês Spot e do indiano ResourceSat.
Autor: Agência FAPESP