A Concrete Show abriu suas portas em 28 de agosto com 250 expositores nacionais e internacionais distribuídos em 20 mil m², área 66% maior que a edição de 2007. Não foi apenas a área da feira que aumentou, o número de expositores internacionais cresceu 20% em relação à edição anterior. Ao todo, há 15 países participando.
A cadeia produtiva ligada ao concreto reuniu equipamentos, soluções e trouxe novos produtos. Mas os principais pontos evidenciados no evento foram a preocupação das empresas na questão da industrialização e também da escassez de mão-de-obra especializada pelo excesso de demanda por trabalhadores. No primeiro semestre deste ano a construção civil abriu 229 mil vagas – mais do que no ano passado inteiro.
O Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem) montou em seu estande um laboratório móvel em que está capacitando alunos durante o evento. O medo do “apagão” da mão-de-obra também aparece na iniciativa “Mestre ArcelorMittal”. A empresa expôs o caminhão-escola que utilizará em cursos itinerantes de formação de pedreiros e mestre-de-obras.
“A indústria precisa se preparar para essa demanda, assimilando as novidades tecnológicas do setor. Todos estão conscientes da necessidade de atualização profissional, principalmente em cursos de capacitação”, afirma Renato Giusti, presidente da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).
A alta produtividade e a redução de mão-de-obra também estão sendo utilizadas para chamar a atenção nos processos de industrialização da construção civil. A SH Fôrmas montou seu estande com seu sistema de fôrmas modulares para paredes em concreto e deixou parte desse equipamento à mostra, para que os visitantes entendam seu funcionamento.
A empresa afirma que a redução de mão-de-obra é de 70% e a de resíduos de 20%, se comparada à execução convencional.
A feira também exibe diversos produtos já anunciados anteriormente, mas não disponibilizados ao
grande público. Um dos exemplos é o concreto translúcido, que não chega a ser uma novidade, mas é exposto no País pela primeira vez. O produto foi desenvolvido na Hungria por Áron Losonczi, da empresa LiTraCon, sendo composto de uma mistura de 5% de fibras óticas e 95% de concreto que favorecem a transparência de luz e suporta 4 mil kg/cm².
Paralelamente à exposição, ocorre o 2° Concrete Congress, com a explanação de 80 palestrantes como Ruy Ohtake, Carlos Bratke, o engenheiro Philippe Livernete, o mexicano Fernando Mayagoitia Witron e os americanos Peter Alexander e Howard Hohmann.
As discussões permeiam entre aspectos técnicos, arquitetônicos e até mesmo acadêmicos. No primeiro dia do evento, Ohtake debateu com Carlos Bratke questões como inclusão, sensibilidade e ousadia arquitetônica. Já no Seminário de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho, o presidente da Anapre (Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho), Wagner Gasparetto, aproveitou para anunciar o Prêmio Anapre de Planicidade e Nivelamento. Para a inscrição, serão aceitas obras com mais de 1.000 m², executadas e medidas com projeto de piso que contemplem as especificações dos índices de planicidade e nivelamento.
O âmbito acadêmico também está presente, levando estudos e proposições. Para a professora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Maria Teresa Paulino Aguilar, o concreto deverá mudar diversas características em um futuro próximo. “O concreto do futuro terá que ter alta performance, baixo consumo de materiais, proporcionar construções de menor impacto”, afirma. A professora é membro de um grupo de estudo realizado pela UFMG que estuda um processo de produção contínua e em larga escala de nanotubos de carbono.
“O grande avanço foi a obtido foi a síntese desses nanotubos sobre o clínquer diretamente e simultâneo à produção de cimento”. Em testes de laboratório, o cimento obteve um aumento na resistência de 80%, 25% na tração e o custo estimado do saco é de R$30. “Demoramos a produzir ainda os nanotubos, por isso os testes foram em pequenos pedaços. Ainda estamos em uma fase embrionária”, finaliza.
Autor: PINIWeb