O candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSDB, Geraldo Alckmin, mostrou conhecimento sobre o déficit habitacional da cidade e defendeu subsídios de até 15%, divididos entre receitas de União, Estado e Município, para erradicar o problema com a participação da iniciativa privada.
O posicionamento foi apresentado após questionamento do presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, durante o ciclo de palestras “A Engenharia, a Construção e a Indústria Imobiliária Discutindo São Paulo”, realizado hoje (06/08).
O ex-governador também respondeu a perguntas de outros temas ligados ao setor da construção civil. A Lei de Licitações por pregão, que prevê a inversão de fases no processo de escolha por pregão das contratadas, priorizando o menor preço, deixando a avaliação da competência das empresas em segundo plano, foi levantada pelo presidente do Sinaenco, José Roberto Bernasconi.
Ele usou a formação em medicina de Alckmin para argumentar que a Lei não é aplicável para a execução de obras de engenharia. “Não se contrata um médico pelo preço mais barato. Não se contrata um advogado pelo preço mais barato. Também não se contrata um engenheiro pelo preço mais barato”. O candidato prometeu reavaliar as condições caso seja eleito.
O presidente da Apeop, Arlindo Moura, abordou a necessidade de estimular uma maior participação da iniciativa privada para aumentar a eficiência dos projetos no município. Alckmin mostrou-se favorável à opinião e lembrou que a primeira Parceria Público-Privada (PPP) que começou a ser executada no País foi a linha 4 do metrô de São Paulo, iniciada ainda na sua gestão frente ao Estado. Disse ainda que uma das medidas que devem ser adotadas para “tirar os carros da superfície” é promover PPPs para a construção de garagens subterrâneas na cidade.
O presidente do Instituto de Engenharia, Edemar Amorim, criticou o descaso das gestões municipais com a expansão do metrô, já que desde a inauguração da primeira linha, em 1974, a prefeitura praticamente não investiu mais dinheiro na malha ferroviária da cidade.
Em seguida, pediu comprometimento do candidato em relação ao assunto, caso eleito, que reforçou a dificuldade de orçamento da prefeitura e afirmou a necessidade de recursos federais para ampliar o metrô, argumentando que São Paulo é a única grande cidade do Brasil que não recebe investimentos do governo federal. Citou, inclusive, metrópoles do mundo que recebem investimentos do governo central de seus países.
O presidente do Secovi-SP, João Crestana, reforçou o que já havia sugerido aos outros candidatos sobre a necessidade de um novo planejamento urbano para levar desenvolvimento a todas as regiões da cidade e evitar a formação de “guetos”. O candidato novamente mostrou estar ciente da situação e pretende formar uma agência de desenvolvimento para atrair investimentos de empresas em bairros mais distantes do centro expandido.
No encerramento, o presidente do Sinicesp (construção pesada), Marlus Renato Dall’ Stella, expôs a preocupação de que o próximo prefeito se comprometa com a continuidade das obras contratadas. Ouviu de Alckmin não apenas o compromisso em relação ao assunto, mas também uma promessa política. “Vou ficar quatro anos. Não sairei da prefeitura para ser candidato a nenhum outro cargo”.
No próximo dia 13 de agosto ocorrerá o último debate do ciclo com o atual prefeito e candidato Gilberto Kassab. Marta Suplicy e Paulo Maluf já foram sabatinados.