A Petrobras estuda aquisições de usinas de biocombustíveis, para alcançar a meta de produção de 940 milhões de litros de biodiesel até 2012. A primeira usina de biodiesel da estatal será inaugurada hoje em Candeias, na Bahia, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A inauguração da segunda unidade, unidade de Quixadá, no Ceará, está prevista para o próximo dia 20 de agosto e, no mesmo mês, será iniciado o trabalho também de uma terceira em Montes Claros, Minas Gerais.
As três unidades, juntas, terão capacidade de produção de 170 milhões de litros por ano. O investimento total é de R$ 295 milhões. As unidades de biodiesel farão parte da Petrobras Biocombustível, cuja diretoria também toma posse hoje. A participação da estatal em biocombustíveis foi definida como arrojada pelo presidente indicado da Petrobras Biocombustível, Alan Kardec. Por isso mesmo, ele admitiu que o plano de metas estratégico, de que faz parte a nova empresa, está sendo revisto.
“Para atingir a meta, nós vamos ter de ter novos ativos. Por enquanto, no planejamento estratégico da Petrobras, de 2008 a 2012, está previsto que a gente tenha ativos próprios. Mas isso está sendo rediscutido agora”, disse Kardec.
Perguntado sobre a possibilidade de aquisição de ativos já existentes, o presidente indicado na nova companhia estatal disse que “isso vai ser discutido, se nós vamos participar de alguma aquisição, se nós vamos fazer parceria”. Mas vai depender do Sistema Petrobras. Nos bastidores do mercado financeiro, analistas comentam sobre a possibilidade de a Petrobras comprar a Brasil Ecodiesel, a maior empresa brasileira do setor.
Kardec fez questão de explicitar, no entanto, que a Petrobras não está atuando para estatizar o mercado de biocombustíveis, como temem alguns players. “A Petrobras está entrando no etanol em parcerias, como minoritário. Nós não estamos entrando como majoritários, nem como irrelevantes, porque temos participação também na gestão”, comentou.
Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras e conselheira da nova empresa, explicou a demora da construção da usina baiana. A terraplanagem foi iniciada em fevereiro de 2007. Em outubro, ainda havia parte da terraplanagem sendo feita. “De outubro para cá, em nove meses essa usina foi construída”, disse, explicitando a possibilidade de construção de novas usinas em prazos não tão extensos.
A criação de escala tem sido vista como o principal desafio para a produção de biocombustíveis no País, cujo principal entrave para aceitação internacional é o custo mais elevado. A princípio, a produção da Petrobras será voltada ao mercado interno.
No entanto, o álcool tem sido um grande exemplo para a Petrobras. Atualmente, o combustível é competitivo em relação aos combustíveis fósseis, mesmo sem subsídios governamentais. A Petrobras vai fazer também a primeira parceria para uma planta de etanol. É um exemplo de participação em que a estatal será minoritária, com 20% de participação. A japonesa Mitsui terá outros 20% e a participação majoritária será da brasileira Cerrado Açúcar e Álcool. A planta ficará localizada em Goiás.
A meta total da Petrobras em etanol é de produzir 4,75 bilhões de litros em 2012. De acordo com Kardec, serão cerca de 23 complexos bioenergéticos (CBio), se forem mantidas a mesma capacidade em cada unidade. Toda a produção dos CBios será voltada para exportação.
“A tendência é o etanol ocupar mais espaço no mercado interno também. Nós não estamos focados no mercado interno. Nós estamos focados na exportação”, disse Kardec, acrescentando que, na revisão do plano estratégico da companhia, essa postura também pode ser revista. A idéia da Petrobras é estabelecer contratos de longa duração no exterior, para sair do mercado spot.
Autor: DCI