O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) decidiu responder com dados às críticas e aos questionamentos sobre a credibilidade da medição mensal do desmatamento da Amazônia pelo Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter).
Depois de três semanas de atraso, o instituto divulgará amanhã (15) o total de áreas devastadas registrado no mês de maio e, desta vez, os dados do satélite serão acompanhados de informações detalhadas sobre os registros de devastação da floresta.
“O Inpe irá divulgar os números em conjunto com uma análise estática do desempenho dos dados e medir os diversos tipos de desmatamento: tanto aquilo que chamamos de corte raso, remoção total da floresta, quanto à remoção parcial, que o Inpe chama de desmatamento progressivo, porque é algo que está em andamento”, adiantou hoje (14) o diretor do instituto, Gilberto Câmara.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou, há cerca de duas semanas, que a apresentação dos dados estava pendente a pedido da Casa Civil.
A análise vai resultar em informações cerca de 60 vezes mais detalhadas sobre alertas de desmatamento, segundo Câmara. “O Deter não muda, a metodologia não muda, o que vamos fazer é fornecer informação adicional, que é a qualificação desses dados”, acrescentou.
A mudança na forma de divulgação dos dados do Deter é uma resposta aos críticos da metodologia adotada pelo Inpe para alertas de desmatamento. “Se alguém tem duvidas sobre o dado cientifico, é obrigação da instituição cientifica responder. Não é novidade que um resultado cientifico seja contestado: Galileu foi contestado, Pasteur foi contestado, Einstein também. O cientista tem que usar essas críticas e contestações como fonte de força, de indicações para o que precisa melhorar. Essa é nossa atitude “, apontou Câmara.
Os governadores de Mato Grosso, Blairo Maggi, e de Rondônia, Ivo Cassol, já questionaram publicamente os dados do Inpe e chegaram a pedir revisão dos números de desmatamento medidos para tais estados.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, afirmou que a finalidade da qualificação dos dados é justamente evitar guerra de números e o uso político das informações. “O dado técnico passou a ser utilizado para controvérsias políticas. A partir de agora serão divulgados pelo Inpe, em São José dos Campos, e não por Brasília, não por outros ministérios”, anunciou.
Rezende e o diretor do Inpe, Gilberto Câmara, participam da 60° Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O encontro foi aberto ontem (13) e até sexta-feira (18) deve reunir cerca de 15 mil pessoas, entre cientistas, pesquisadores, estudantes e visitantes.
Autor: Agência Brasil