A criação de um corredor ferroviário bioceânico – passando por Argentina, Brasil, Chile e Paraguai -, entre os portos brasileiros do Atlântico e os portos chilenos do Pacífico, pode se tornar uma realidade em até dez anos.
Pelo menos é que esperam os integrantes da Associação Latino Americana de Estradas de Ferro (Alaf), que estão reunidos em Curitiba para os seminário “O Transporte Ferroviário na América Latina: Atualidade e Futuro”.
Durante o evento também foram discutidos os trens turísticos e os trens de alta velocidade, cujo projeto envolve um traçado entre Curitiba a São Paulo.
O secretário geral da Alaf, Jaime Valêncio Valência afirmou que a indústria de ferrovias vive seu melhor momento na América Latina, já que diversos investimentos estão sendo feitos para a ampliação ou construção de ramais.
Isso porque se despertou para a importância das ferrovias como alternativa para transporte de cargas e passageiros. “Com o crescimento das cidades o trem surge como alternativa para encurtar distâncias. Assim como o corredor bioceânico, que irá viabilizar a ligação entre os portos em um futuro bem próximo”, disse.
Durante reunião com representantes dos quatro países envolvidos no projeto do corredor ferroviário bioceânico, no mês de março, ficou estabelecido que sua viabilização acontecerá em até dez anos.
No entanto, o diretor presidente da Ferroeste (Estrada de Ferro Paraná Oeste S/A), Samuel Gomes acredita na viabilização em menos tempo, até porque países, como o Paraguai, dependem da ferrovia para se desenvolver economicamente. O projeto do corredor está orçado em US$ 550 milhões.
Mercado interno
Para o diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, está ocorrendo um retorno do transporte ferroviário no Brasil. Atualmente 14 estados estão com projetos ferroviários, que envolvem desde novas malhas ou recuperação das existentes.
Vilaça ressaltou que desde o início do período de concessão das ferrovias à iniciativa privada, em 1997, a produção do setor passou de 137,2 bilhões de TKU (tonelada por quilômetro útil) para 280,6 bilhões de TKU em 2008.
Com isso, a participação das ferrovias na matriz de transporte no País passou de 19% para 26%.
No entanto, Vilaça observa que a malha existente no Brasil não é viável para trens de passageiros. E sobre a necessidade de trens de alta velocidade como os projetos Rio/São Paulo, Curitiba/São Paulo e Campinas/Brasília
Vilaça disse que ainda não se achou uma finalidade específica, como em outros países.
“Na Espanha e na França os trens de alta velocidade são por causa do turismo. Já na Alemanha é para viabilizar o transporte por falta de alternativas de rodovias”, disse. Porém ele observa que caso esses projetos brasileiros se concretizem, o Brasil pode se destacar como um país emergente na área de mobilidad
Autor: O Estado do Paraná