O Noble Group, trading de commodities com sede em Hong Kong, vai investir US$ 300 milhões na construção de uma nova usina de açúcar e álcool em São Paulo, com capacidade de esmagar 8 milhões de toneladas anuais. A informação foi dada pelo vice-presidente do Noble, o indiano Harry Banga, em passagem pelo Brasil na semana passada. A nova planta, prevista para entrar em funcionamento dentro de 18 a 24 meses, produzirá principalmente etanol.
“O Brasil está no topo das nossas prioridades de investimento”, disse Banga. A Noble, que faturou US$ 23 bilhões em 2007 e prevê uma receita de US$ 40 bilhões neste ano, é uma gigante do comércio mundial, presente em 40 países. Administra, por exemplo, uma frota de 400 navios, entre próprios (leasing) e de terceiros. Embora tenha nascido como uma trading, partiu para a verticalização e hoje participa da produção, transporte e até a distribuição dos produtos a granel nos mercados consumidores.
“Nossa estratégia é fazer a ligação entre os países produtores do hemisfério Sul e os países consumidores do hemisfério Norte. E o Brasil tem um papel importantíssimo nisso”, observou.
Com a nova usina, os os investimentos previstos e os já realizados pela Noble no país chegará a US$ 600 milhões. Como trading, a companhia já está presente no país há quase vinte anos. É dos grandes exportadores de café e soja, atividades nas quais atua financiando os produtores e fornecendo insumos. No ano passado exportou 8 milhões de sacas de café e 2,6 milhões de toneladas de soja. Foi em 2007 que o Noble Group passou a fazer investimentos em produção e logística por aqui.
Em janeiro do ano passado, adquiriu cinco armazéns de grãos no Mato Grosso e Paraná, por US$ 18 milhões. Em fevereiro, comprou a Usina Petribu Paulista, no interior paulista, com capacidade de esmagamento de 2,5 milhões de toneladas. Depois disso, foram investidos US$ 150 milhões para dobrar a capacidade da usina e também implementar melhorias. Por último, em meados do ano, o Noble fechou a compra, por R$ 120 milhões, de 30% da mineradora Mhag, que agora prepara a sua abertura de capital.
Banga disse que o grupo está muito confiante na implementação do plano de expansão da Mhag, que pode elevar a produção a 30 milhões de toneladas no longo prazo. “E estamos tranquilos em relação a nossa capacidade de comercializar isso tudo.”
Aqui no Brasil, ainda na área de mineração, a Noble trabalha na exportação de alumínio e importação de coque. “E no ano passado transportamos 10 milhões de toneladas de ferro de produção da Vale do Rio Doce”, contou o executivo.
Há cerca de quatro anos, a Noble começou a investir na produção de etanol de milho nos Estados Unidos, por meio da aquisição de participações minoritárias de usinas. Hoje, o grupo acompanha com atenção toda a polêmica em torno do etanol no mundo. Banga disse que o grupo tomou a decisão de migrar o foco da sua atividade do etanol de milho para o etanol de cana-de-açúcar. “É mais sustentável e comercial a longo prazo”, afirmou ele.
Autor: Valor Econômico