O Brasil está cada vez mais atrativo para investimentos internacionais de varejo. Embora ainda esteja atrás da Índia, China e Rússia, foi o país que mais subiu no ranking de emergentes que melhores condições reúnem para investimentos no setor. Está em 9 na lista de 30, tendo subido onze posições em relação à pesquisa realizada no ano passado pela consultoria internacional A.T. Kearney. “Pode ultrapassar o Chile e figurar entre os top 5 no próximo ano”, afirma o consultor, Markus Stricker.
Há cinco anos, o Brasil estava no 29 lugar do ranking e sua subida pode indicar que o País está entrando em uma segunda onda de investimentos internacionais de varejo. A primeira, lembra o consultor da A.T.Kearney, Camilo Pereira, ocorreu na década de 90, quando grandes varejistas como a francesa Carrefour e a norte-americana Wal-Mart aportaram recursos no País. O que acontece com o Brasil é o que já ocorreu com a Hungria em 2003 ou com a Arábia Saudita, em 2007.
Segundo a consultoria, a economia cresce e uma classe média emergente vai oferecer amplas oportunidades para varejistas domésticos e internacionais se capitalizarem.
E enquanto o Brasil sobe, os outros três países que compõem o BRIC – Rússia, Índia e China – perderam uma posição no ranking. “Não significa que o varejo desses países está em decadência, mas que estão entrando em um declínio de atratividade”, diz Pereira.
Quatro indicadores são levados em consideração para compor o ranking de atratividade: o risco do país e de negócios (medido por riscos políticos, performance econômica, taxas de crédito, acesso a financiamentos bancários, violência, corrupção); atratividade do mercado (que leva em conta vendas per capita no varejo, população, leis e regulamentações, infra-estrutura); saturação do mercado (que considera fatores como número de varejistas internacionais com negócios no país, participação de mercado dos líderes do varejo) e pressão do tempo (que mostra a urgência, o momento mais propício para entrar em um país, levando em consideração o resultado de vendas do varejo).
Primeiro colocado no ranking de emergentes mais atrativos para investimentos de varejistas, o Vietnã apresenta o melhor índice de pressão do tempo, com pontuação de 99, em escala de zero a 100.
Por outro lado, o país registrou um dos menores índices em termos de atratividade do mercado: 34. Enquanto o Brasil teve a melhor pontuação entre os 30 países da lista: 60 pontos.
No indicador de saturação de mercado – em que quanto maior a pontuação, menos saturado está o mercado – o Brasil registrou 60 pontos.
Este é, na avaliação da consultoria, um ano crítico para as grandes varejistas, que sofrem pressão de seus mercados de origem pela apresentação de resultados positivos. “Ou expandem internacionalmente ou vão reduzir um pouco o crescimento”, afirma Pereira. “Para isso, é preciso ter uma participação razoável em mercados emergentes”, completa Stricker.
Embora o varejo de alimentos ainda apresente boas oportunidades de investimentos no Brasil, segundo a pesquisa, é o varejo de vestuário um dos grandes destaques em termos de atratividade brasileira para investimentos. “É o país mais atrativo da lista, mas a entrada nesse mercado requer algumas especificações como desenvolver sistemas de crédito e buscar fornecedores locais”, diz Pereira. O brasileiro gasta seis vezes mais com moda que o chinês, por exemplo.
Autor: Gazeta Mercantil