Siderurgia debate desafios do desenvolvimento sustentável

Temas como bioredutores, mudanças climáticas e eficiência energética estiveram na pauta dos principais executivos da cadeia do aço durante o 1º Encontro Nacional da Siderurgia, no dia 3 de junho (terça-feira), no Rio de Janeiro. 

O painel “Siderurgia e os Desafios da Sustentabilidade” reuniu o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), da Comissão de Desenvolvimento Sustentável da Câmara Federal, e o presidente da V & M do Brasil, Flávio Roberto Azevedo, que assumiu durante o evento a presidência do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). 

Como convidado internacional, o evento trouxe James Volanski, gerente geral de Meio Ambiente da US Steel (EUA) e chairman do Comitê de Meio Ambiente do Instituto Internacional do Ferro e Aço (IISI, na sigla em inglês). Em sua apresentação sobre “Mudanças climáticas e eficiência energética”, Volanski disse que o aço é o mais importante material para a engenharia, construção e indústria no mundo. “O material é usado em todos os aspectos das nossas vidas e sem ele o progresso seria impossível”, disse. 

Em 1950 a produção de aço era de 200 milhões de toneladas e em 2007 chegou a 1,3 bilhão de toneladas. As projeções de crescimento futuro são de 3 a 5% na produção mundial, com previsão de 8 a 10% para China, Índia e Rússia. Em 2050, a produção global de aço poderá ultrapassar 3 bilhões de toneladas e, mesmo se aplicando as melhores técnicas e procedimentos, as emissões globais de CO2 ficarão de 50% a 100% maiores. 

Segundo Volanski, a única solução de longo prazo é encontrar formas de produzir aço com baixa emissão de carbono para se adequar ao Protocolo de Kioto, que se expira em 2012. A abordagem setorial do IISI recomenda coleta de dados e informações; foco na intensidade do crescimento para satisfazer às demandas dos mercados; discutir e partilhar das tecnologias e melhores práticas dentro da indústria e facilitar o caminho para tornar a indústria do aço sustentável. 

Volanski destacou que a indústria do aço deve trabalhar junto aos governos para promover uma grande expansão de pesquisa e desenvolvimento e encorajar o surgimento de novas idéias. “Temos que trabalhar junto aos clientes para aplicar soluções de novas energias eficientes, aumentar a pesquisa em novas tecnologias, difundir as boas práticas mundialmente e permanecer engajados no debate sobre o aquecimento global, além de passar a mensagem de que o aço é parte da solução. O comprometimento deve incluir todos os setores da economia e a comunicação é fundamental para o sucesso”, destacou. 

Bioredutores 
Flávio Roberto Azevedo apresentou o projeto bem-sucedido de carvão vegetal como bioredutores para diminuir impactos ambientais na produção de aço, desenvolvido na V&M do Brasil, em Minas Gerais, a partir de florestas plantadas de eucaliptos. Esta experiência lhe permitiu assegurar que a produção de ferro gusa e ferro-ligas à base do carvão vegetal renovável é competitiva no Brasil. 

“A utilização auto-sustentável da biomassa é forma viável e efetiva de redução das emissões de CO2 e recomposição de O2 na atmosfera. A expansão do setor siderúrgico brasileiro pode contar mais significativamente com a participação da biomassa como redutor e em sua matriz energética com benefícios ambientais, sociais, metalúrgicos e econômicos”, explicou. 

Azevedo disse que o carvão vegetal, utilizado pelo homem desde 30.000 A.C. como fonte de energia, é um recurso natural renovável, porém, estigmatizado. “O carvão vegetal é uma das soluções para a produção de aço com o menor impacto ao meio ambiente”, afirmou, ao defender o uso de biorredutores na siderurgia brasileira. “Nosso país é uma região do planeta com grande potencial de produção de biomassa e vocação para seu uso em siderurgia”, destacou. | Foto: (esq.dir.) James Volanski, gerente geral de Meio Ambiente da US Steel (EUA) e chairman do Comitê de Meio Ambiente do Instituto Internacional do Ferro e Aço (IISI, na sigla em inglês), Fernando Gabeira, deputado federal (PV-RJ) da Comissão de Desenvolvimento Sustentável da Câmara Federal, e o presidente da V & M do Brasil, Flávio Roberto Azevedo

Autor: Fator Brasil