A Escola Politécnica da USP e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) uniram esforços para criar um sistema nacional de referenciais tecnológicos. O objetivo é padronizar e disseminar o conhecimento de práticas bem-sucedidas nas várias etapas do processo construtivo, desde o projeto, execução, controle dos serviços, até o produto final, o edifício, incluindo seu uso e manutenção. A melhoria da qualidade e produtividade serão os resultados diretos dessa iniciativa.
Uma experiência piloto está ocorrendo no âmbito do Programa de Tecnologia para Habitação (Habitare), financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Caixa Econômica Federal (CEF), para a criação de um código de boas práticas (referenciais tecnológicos) para alvenaria de vedação com blocos cerâmicos.
“Com isso, vamos testar e validar o modelo que está sendo estudado”, explica o professor Francisco Cardoso, da Poli, um dos integrantes da rede de pesquisa Habitare. Participam também da iniciativa a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), focada nas patologias, e a Universidade Estadual de Londrina (UEL), na identificação e disseminação de boas práticas neste setor.
Sistema nacional
A partir da experiência piloto, o objetivo é chegar ao Sistema Nacional de Código de Práticas, mecanismo institucional de produção de documentos técnicos de referência para a construção civil em todo o país, considerando os aspectos regionais.
A proposta de funcionamento institucional e operacional já foi elaborada. Agora terá início sua divulgação para o aprimoramento da idéia junto ao meio profissional e acadêmico. Tudo começou na primeira reunião da Rede “Ciência, tecnologia e inovação para a melhoria da qualidade e redução de custos da habitação de interesse social” (Programa Habitare), realizada em março de 2007, que procurou unir iniciativas semelhantes.
Desde então, o tema vem sendo desenvolvido. “O setor dispõe de inúmeros documentos relacionados às boas práticas. Mas estão dispersos e cada um está focado em uma área específica. Há vários agentes fazendo isso há tempos, mas não se conversam. A proposta é unificar as discussões e produzir um sistema único de referenciais”, analisa Cardoso.
Para ele, o PBPQH-Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat seria a instituição ideal pra abrigar o sistema.
A equipe da Poli tem cuidado dos aspectos relacionados ao arranjo institucional para o desenvolvimento dos referenciais tecnológicos, enquanto que a do IPT está focada no conteúdo do documento de referência.
Produto final
Na prática, além da concepção geral do modelo, o resultado final serão documentos, similares a muitos já produzidos no país por órgãos públicos e privados (manuais técnicos, cadernos de encargos, códigos de obras, relatórios e guias de práticas recomendadas), mas com caráter unificado e padronizado. Tudo baseado no consenso entre os diversos setores que formam a cadeia produtiva da construção no país.
Para orientar o processo, foram estudados também modelos de governança, ou estrutura institucional, adotados em países como França, Canadá, Estados Unidos e Espanha, que já possuem este tipo de Código Nacional de boas práticas.
As principais vantagens do sistema são obter por consenso a padronização de critérios técnicos nas diversas fases de produção. “O modelo servirá também para balizar as relações contratuais, facilitando a definição dos serviços, dos processos e do produto edifício”, diz o professor Cardoso.
Além disso, outro benefício será suprir lacunas existentes na normalização técnica.
Autor: Assessoria de imprensa