Parte de um mercado que cresceu mais de 30% no ano passado, os fabricantes de aquecedores solares de água têm um estímulo extra para novos investimentos. Em junho, começa a vigorar na cidade de São Paulo a lei que obriga o uso destes aquecedores em residências com mais de três banheiros, assim como em estabelecimentos comerciais que fazem utilização intensiva de água quente.
A Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) projeta para 2008 a instalação de 744 mil m² de coletores solares, repetindo o crescimento recorde de 30% obtido em 2007.
Estimulados por essa previsão, fabricantes do setor já planejam incrementar a produção. A Tuma Industrial, pioneira nacional na fabricação de aquecedores solares, programa investimentos de R$ 2,5 milhões na expansão dos negócios da empresa, com aumento previsto de 40% para a produção em 2008.
Segundo Frederico Dantas, gerente comercial da empresa, o mercado intensifica seu crescimento desde 2001, com a crise energética. “Na busca de alternativas eficientes, as vantagens econômicas do uso de aquecedores solares de água ficaram mais conhecidas”, explica Dantas.
Segundo ele, especialistas do setor calculam que a economia na conta de luz chegue a 30% com o uso de energia solar no aquecimento da água. “Há vinte anos, o uso dos painéis solares era tido como um produto da classe A, devido aos altos custos. Com o desenvolvimento e popularização da tecnologia, o maior desafio hoje é fomentar o consumo do cidadão comum”, afirma Dantas. O custo de implantação de aquecedores solares, em casas de dois a quatro banheiros, varia entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil, em média.
Solução ecológica
Além da vantagem econômica, que costuma ser decisiva na opção do consumidor, o uso de energia solar para o aquecimento da água é ecologicamente correto. Em dezembro do ano passado, uma pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU) mostrou que esta tecnologia é uma das que mais inspiram confiança no combate ao aquecimento global. Como fonte alternativa, depende de condições climáticas – mais especificamente, da incidência de raios solares.
“No Brasil, em média, pode-se considerar que, mensalmente, os painéis solares garantam 70% no aquecimento de água de uma residência”, afirma o gerente comercial da Tuma Industrial. Para ele, a cultura da utilização de energia solar está em processo de disseminação no País. “A indústria adaptou os aquecedores solares às características climáticas do País. Deve haver um trabalho contínuo de divulgação destas vantagens”, diz Dantas.
Baixos números
Segundo o Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol) da Abrava, os cerca de 730 mil domicílios do País que usam aquecedor solar representam apenas 1,48% das residências nacionais. Mesmo com o pouco uso, isso significou uma economia de energia no País de cerca de 620 gigawatts (GWh) em 2007 – o que poderia abastecer 350 mil casas com consumo mensal de 145 quilowatts (KWh), segundo a Abrava.
Como fonte nacional de geração, os números da energia solar são inexpressivos. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), há apenas uma usina que utiliza essa fonte em funcionamento hoje no País, com capacidade para gerar 20,48 KW.
Tendência mundial
Um dos países líderes na fabricação de aquecedores solares, Israel é exemplo do potencial do setor: 90% das casas israelenses usam o sol para aquecer água. Em diversos países verifica-se uma tendência de crescimento do uso de energia solar – desde maio do ano passado, por exemplo, a Ardour Solar Energy Index, multinacional especializada neste tipo de energia, cresceu 55%.
De olho neste crescimento de mercado, empresas americanas do setor, como Chevron, o Goldman Sachs e FPL recentemente solicitaram permissão do governo norte-americano para fazer pesquisas de novos sistemas de energia solar em terrenos governamentais no deserto dos EUA.
Parte do mercado que cresceu mais de 30% em 2007, fabricantes de aquecedores solares de água animam-se com a lei que obriga ao uso destes equipamentos as residências com mais de três banheiros.
Autor: DCI