A poucos meses das eleições para presidências dos CREAs, do CONFEA e da MÚTUA, uma pergunta deve ser feita aos engenheiros, arquitetos, agrônomos, geólogos, e todos os profissionais cujas profissões são regulamentadas pelas citadas entidades.
Por que você não vota?
Desapontados com o nível de representação e serviços oferecidos por seus conselhos, os profissionais assumem uma postura de descaso e falta de interesse no processo eleitoral, nos candidatos, nas propostas e no seu papel de profissional competente registrado.
Ora, por mais absurdo que seja, para um técnico contrariar sua natureza de solucionar problemas, assumindo uma cômoda postura de insatisfeito, limitando-se a reclamar da falta de representatividade profissional, da dificuldade do exercício da profissão, do desrespeito pela tabela de honorários e muitas outras queixas relevantes, é assim que a esmagadora maioria tem se comportado.
O Brasil é uma democracia jovem, e como tal carrega o fardo desta pouca idade, políticos populistas e paternalistas, eleitores imaturos e dependentes, cidadãos desatentos e desrespeitados. Muito se condena o voto obrigatório, mas, sob análise fria, conclui-se que a situação só não é pior por sua causa.
Já os profissionais associados ao CONFEA/CREA, gente teoricamente mais esclarecida que o brasileiro médio, cujo exercício profissional depende diretamente das decisões dos conselhos regionais e nacional, cuja faculdade do voto não deveria fazer a menor diferença no comparecimento às urnas, a estória é triste, para não dizer o pior. Pois, tanto a presidência, quanto o conselho são eleitos com, no máximo, 8% de comparecimento.
Isso significa que as constantes queixas deveriam, na verdade, ser dirigidas aos próprios queixosos, culpados por sua omissão eleitoral. Pois deixar de votar, de acompanhar as decisões do conselho ou mesmo de se candidatar não é o resultado de um sistema defeituoso e injusto. É a causa.
Nos últimos anos tem-se visto várias tentativas de cisão no sistema CONFEA/CREA, algumas justas e bem fundamentadas como a vetada iniciativa dos arquitetos, outras fruto de delírios oportunistas de gente mal intencionada, como o caso da OBENC que tramita no Senado. Independente de opiniões particulares é fácil perceber que todas estão fadadas ao fracasso, pois já nascem com a doença genética da falta de interesse dos associados
Participar de processos políticos e entidades de representação de classe é parte importante, para não dizer essencial, da vida profissional de qualquer um e o voto, mais do que uma obrigação desagradável, um direito a ser exercido.
É preciso que os engenheiros, arquitetos, agrônomos, geólogos e etc. entendam que a abdicação a este direito, relegando o processo a outros por puro comodismo é prejudicial a todos, profissionais, entidades e a sociedade brasileira. Somente uma mudança de postura mudará as entidades, o inverso, no entanto, não é verdadeiro.
Portanto, que fique bem claro que a prioridade da queixa por abandono deve ser dos Conselhos e Entidades de classe, não de profissionais omissos.
Autor: Edemar de Souza Amorim