Cerca de 150 pessoas compareceram, ontem (8/4), ao Instituto de Engenharia para assistir a palestra do especialista em túneis, Nick Barton. O evento teve como foco o acidente no canteiro de obras da nova estação Pinheiros do Metrô, ocorrida em janeiro de 2007.
Barton investigou detalhadamente as causas do acidente. Realizou analise detalhada dos registros e eventos de construção do túnel, que mostram uma escavação em maciço rochoso de boa qualidade, sem água, com bom comportamento até o evento do acidente. Foram analisados os mapeamentos geológicos e a instrumentação do túnel, entre outros dados igualmente relevantes.
Segundo ele, o mapeamento feito com ensaios sísmicos (mede – se a velocidade de uma onda de compressão na rocha do subsolo) identificou a ocorrência de uma estrutura geológica anômala, chamada de “torre sísmica”(ou pedestal de rocha), sem precedentes no mundo.
Consiste em uma região de rocha mais dura, com paredes quase verticais, no interior do túnel e acima deste, circundada por regiões de rocha mais mole, alterada, deformável. Esta anomalia geológica, em conjunto com outros fatores de risco e anomalias, foi responsável por um carregamento excepcional de dezenas de milhares de toneladas sobre o revestimento, que se desenvolveu em intervalo de tempo muito curto. Ou seja, este pedestal de rocha dura não conseguiu se apoiar nas suas laterais, onde a rocha é mais mole.
O revestimento suportou bem os carregamentos existentes durante a escavação do túnel, como mostra a instrumentação, com recalques máximos inferiores a 25 mm, até que a anomalia geológica entrou em cena e provocou o acidente.
A característica geológica agora identificada (“torre sísmica” ou pedestal de rocha) era desconhecida até que a investigação da ruptura da Estação Pinheiros possibilitasse sua identificação, e o único caso similar no mundo (Túnel Hanekleive, na Noruega), ocorreu no dia 28 de dezembro de 2006, poucos dias antes, portanto, do acidente.
A apresentação está disponível para download, dividida em duas partes:
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Autor: Isabel Dianin