Discurso na sessão da Câmara Municipal de São Paulo por ocasião da homenagem ao Instituto de Engenharia pelos seus 91 anos.
O ano é 1916, a Primeira Guerra Mundial traz uma ressaca ao entusiasmo civilizatório do progresso e da técnica que varreu o mundo nas ultimas décadas.
No Brasil, que sentia os primeiros efeitos da modernidade trazida pela iluminação pública, abastecimento de água, saneamento, transporte público, ferrovias, urbanização das principais cidades e a novíssima telefonia que vinha substituir o telégrafo, uma grande inquietação nascia.
Como atender a necessidade de um projeto de desenvolvimento para o Brasil e, ao mesmo tempo, deixar a dependência da tecnologia estrangeira, criando as condições para o crescimento da engenharia nacional?
Em 1 de julho, um pequeno grupo de 12 grandes homens acreditando ser a hora de fundar uma instituição que criasse as condições necessárias para o florescimento da engenharia brasileira, formando uma – “comissão encarregada de fundar uma associação com dois fins principais: a cooperação profissional e a defesa dos interesses da classe dos engenheiros”, – subscreveram uma circular aos amigos e colegas.
Eram eles:
Augusto C. da Silva Telles
Fonseca Rodrigues
Rodolpho Baptista de San Thiago
Alfredo Braga
Victor da Silva Freire
Rodrigo Claudio da Silva
Paulo Cavalheiro
Carlos Américo Barbosa de Oliveira
Nestor Marques Ayrosa
Hippolyto Gustavo Pujol Junior
Augusto de Toledo
Guilherme Winter
A primeira adesão a ser registrada, com o numero 0001 foi do engenheiro Sylvio de Aguiar Maya, que datou (7 de julho de 1916) e assinou, colocando também o seu endereço.
Em 13 de outubro, já com 286 membros, nascia o Instituto de Engenharia. Sua missão era: “defender os direitos da categoria e os interesses de classe, a regulamentação da profissão e posicionamento frente à questões nacionais.”
Nesta primeira assembléia foi formada uma diretoria provisória composta de quatro engenheiros:
Antonio Francisco de Paula Souza
Rodolpho Baptista de San Thiago
João Pedro da Veiga Miranda
Francisco Pereira Macambira.
Em 15 de fevereiro de 1917, já com a saúde bem debilitada, Antonio Francisco de Paula Souza foi eleito o primeiro presidente, e aprova-se o primeiro estatuto.
Desde então, por meio de publicações periódicas, debates, palestras, arquivos de projetos entre tantas ações, o Instituto de Engenharia vem participando ativamente em todos os grandes eventos da nação; desde os grandes planos para infra-estrutura e o crescimento das cidades, a participação ativa na revolução constitucionalista e na construção do país.
A atual estrutura de representação da engenharia e dos engenheiros, com a organização do sistema CREA/CONFEA e os sindicatos, também é responsabilidade do Instituto de Engenharia que acreditava ser necessária a divisão de responsabilidades na defesa da sociedade, dos profissionais e da engenharia, pois uma única entidade não seria capaz de conciliar todos os interesses envolvidos.
Passaram pela presidência do Instituto de Engenharia 38 ilustres profissionais:
Francisco de Paula Ramos de Azevedo
Francisco Paes Leme de Monlevade
Alexandre de Albuquerque
Francisco de Salles Vicente de Azevedo
Alberto de Oliveira Coutinho
Luiz Ignácio R. de Anhaia Mello (arquiteto)
Francisco Emygdio da Fonseca Telles
Ranulpho Pinheiro Lima
Roberto Cochrane Simonsen
Alexandre Albuquerque
Antônio Prudente de Moraes Neto
José Maria Toledo Malta
Annibal Mendes Gonçalves
Cícero da Costa Vidigal
Heitor Portugal
Argemiro Couto de Barros
Álvaro Pereira de Souza Lima
Amador Cintra do Prado (arquiteto)
Henrique Pegado
Plínio de Queiroz
João Soares do Amaral Neto
Augusto Lindenberg
Frederico Abranches Brotero
Helio Martins de Oliveira
Henry Macksoud
Eduardo Celestino Rodrigues
Flávio de Sá Bierrenbach
Jan Arpad Mihalik
Bernardino Pimentel Mendes
Luiz Alfredo Falcão Bauer
Lauro Rios Rodrigues
Plínio Oswaldo Assmann
José Roberto Bernasconi
Maçahico Tisaka
Alfredo Mário Savelli
Cláudio Amaury Dall’Acqua
Antonio Helio Guerra Vieira
e
Eduardo Ferreira Lafraia
a quem tenho a honra de suceder.
Mas o fardo, apesar de prazeroso, é pesado, pois os desafios crescem na velocidade da nova tecnologia, e modernizar uma instituição centenária não é tarefa para um homem só. Pois é chegada a hora de repensar o papel de instituições como a nossa, passando de representante de categoria à articuladora de debates, de depósito de informações à construtora de conhecimento, de entidade isolada à lider do movimento de criação de um país melhor
Porém, é nestes momentos de grandes desafios, onde o comprometimento e a dedicação diferenciam os homens, que surgem figuras como o ilustre e incansável Vereador Toninho Paiva, que não mede esforços para prestigiar o trabalho do Instituto de Engenharia.
Meu caro Toninho, mais uma vez tenho a oportunidade de demonstrar aqui em público toda a gratidão e apreço do Instituto de Engenharia pela sua pessoa e o profundo respeito por sua atuação nesta casa e pelas inestimáveis contribuições à nossa cidade e seus cidadãos.
Nossos agradecimentos também à Câmara dos Vereadores de São Paulo, importante parceira em nossa missão, casa de portas permanentemente abertas para debater as idéias, projetos e sugestões do Instituto de Engenharia. É um conforto poder contar com esse apoio.
Meus caros amigos:
Abrahão Yazigi Neto
Alexandre Serpa Albuquerque
Alyr Doria
Archimedes de Barros Pimentel
Conrado de Carvalho Alves
Gabriel Oliva Feitosa
Olyntho Muniz Dantas
Oswaldo José Stecca
Paulo Alcides Andrade
Socrate Mattoli
aceitem essa homenagem em nome de todos aqueles que participaram destes 91 anos de árduas batalhas e daqueles que participarão das que se aproximam.
Obrigado.
Autor: Edemar de Souza Amorim