A Engenharia do Brasil não é apenas a construção de belos edifícios, belas pontes e viadutos ou até mesmo uma linda estrada, como podem pensar alguns leigos. É muito mais do que isto. Existem centenas de grandes empreendimentos, com um enorme volume de obras, cujo principal objetivo é desenvolver condições para a transformação de matéria prima em produtos que possam ser utilizados no dia-a-dia.
Exemplo são as empresas produtoras de alumínio. Este metal, terceiro mais abundante na Terra, está presente na bauxita. Apesar de ser comercializado há cerca de 150 anos, já existe em oito macros regiões, sendo uma delas a América Latina. Segundo dados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) o Brasil, além de terceira maior jazida de bauxita do planeta, é o segundo maior produtor de bauxita, quarto maior produtor de alumina e o sexto em alumínio primário.
A produção passa pelas seguintes etapas: extração da bauxita, transformação em alumina e posteriormente em alumínio primário. Este processo utiliza grandes quantidades de energia elétrica, o que obriga a construção simultânea de usinas preferencialmente hidrelétricas. O alumínio primário é processado e armazenado em lingotes ou tarugos. Daí é transformado em produtos manufaturados.
De acordo com a Abal, a indústria brasileira do alumínio consumiu 23.973,8 GWh de energia elétrica, em 2006, para produzir 1,604 milhão toneladas de alumínio primário, o que contabiliza um consumo médio específico de 14,9 MWh por tonelada produzida. No mesmo período, para a fabricação de 6,720 milhões toneladas de alumina foram consumidos 2.010 GWh de energia elétrica. A soma do consumo das duas etapas iniciais da produção do alumínio corresponde a 6% de toda energia elétrica gerada no país, no ano passado.
As grandes empresas produtoras de alumínio primário estão localizadas nas regiões norte e sudeste Albras (Barcarena – PA), Alcoa (Poços de Caldas – MG e São Luis – MA), BHP Billiton (São Luis – MA), Novelis (Ouro Preto – MG e Aratu BA), ValeSul (Santa Cruz – RJ) e Companhia Brasileira de Alumínio – CBA (Alumínio – SP).
No ano de 2006, a capacidade de refino de alumina no setor aumentou 29% em comparação a 2005, conseqüência das recentes expansões nas plantas da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), em Alumínio e da Alunorte (Alumina do Norte do Brasil AS), em Barcarena – Pará.
Alunorte – A empresa emprega cerca de 2,5 mil pessoas, integrando a cadeia produtiva de alumínio no Pará. Foi criada em 1978, mas suas operações começaram apenas em 1995. Com a expansão, terminada em 2006, tornou-se uma das maiores do planeta. As linhas de produção da Alunorte, são abastecidas pelas matrizes minerais nobres, estimadas em 600 milhões de toneladas.
Em 2000, teve início o primeiro projeto de expansão da refinaria, elevando a capacidade de 1,6 para 2,5 milhões de toneladas de alumina por ano, destinando cerca de 20% da produção para o abastecimento da Valesul, no Rio de Janeiro, e da Albras, vizinha à Alunorte em Barcarena. Além disto, 80% da produção da empresa será exportada para os mercados europeu, americano e asiático.
Em 2005 foi aprovado um novo investimento de R$ 2,2 bilhões para a construção da terceira expansão, adicionando mais duas linhas de produção às cinco já existentes. Com esta nova fase, que já está em obras, a Alunorte contará com sete linhas de produção e atingirá a produção de 6,26 milhões de toneladas de alumina por ano, a partir de meados de 2008.
A bauxita, proveniente da Mineração Rio do Norte, em Porto Trombetas, município de Oriximiná (Pará) distante cerca de 880 quilômetros de Barcarena, desembarca em Vila do Conde em navios. Outra fonte de matéria-prima está nas reservas de bauxita da Vale, na região de Paragominas, sudeste do Pará, a partir de onde o minério será transportado via mineroduto, de 244 quilômetros de extensão, até a planta industrial da refinaria. Ele faz parte da Expansão 2 da Alunorte e inaugura uma nova tecnologia de transporte para a bauxita, inédita em projetos industriais, desenvolvida com intensa participação de profissionais da empresa.
Após passar por todo o processo produtivo, o produto final é transferido e embarcado aos clientes no porto de Vila do Conde, dentro de um padrão de qualidade que é referência mundial, ou segue em caminhões para a Albras, fábrica de alumínio primário, situada próxima à refinaria.
Em 2006, a empresa bateu mais um recorde de produção, chegando a 3,93 milhões de toneladas de alumina, um crescimento de 52% em relação a 2005 (2,57 milhões de toneladas).
CBA – As grandes ampliações da CBA, nos últimos anos, foram em alumínio primário, na fábrica. Ao longo dos mais de 50 anos de existência, o crescimento médio anual da companhia é de 9,6%. A companhia produz 475 mil toneladas de alumínio primário anualmente.
Posicionada entre as maiores do mundo em se setor, a fábrica da CBA é a maior planta do mundo a operar de forma totalmente verticalizada, realizando num mesmo local desde o processamento da bauxita até a fabricação de produtos fundidos e transformados (lingotes, tarugos, vergalhões, placas, bobinas, chapas, folhas, perfis, telhas e cabos). Além de ter uma forte atuação no mercado interno nos segmentos de construção civil, eletricidade, embalagens, bens de consumo e transportes, a CBA destina cerca de 40% de sua produção para o mercado externo, principalmente Europa, Oriente Médio e Estados Unidos.
Entre os diferenciais da CBA está a autogeração de energia elétrica, um dos principais insumos empregados na fabricação do alumínio. Enquanto ela produz no mínimo 60% da energia elétrica que consome, por meio de suas 18 usinas hidrelétricas, a média mundial do setor é de 26%. Outro destaque é a auto-suficiência em bauxita, extraída das suas unidades de mineração em Itamarati de Minas, Miraí e Poços de Caldas (Minas Gerais).
Com quase sete mil colaboradores, a CBA mantém uma ampla rede de distribuição de seus produtos, que conta com 13 filiais espalhadas pelo Brasil e um terminal marítimo no Porto de Santos.
A empresa realiza importantes investimentos para garantir sua autonomia. Demonstração disso é o valor de R$ 365 milhões investidos na construção da 1ª fase da Unidade de Mineração de Miraí, em Minas Gerais, – que será inaugurada em agosto de 2007 – e de Barro Alto, em Goiás, que começará a operar em 2008. Esse investimento prevê ainda o início das pesquisas de reserva mineral em Paragominas, no Pará, região norte do País. Miraí tem uma capacidade de produção de quatro milhões de toneladas de bauxita por ano e Barro Alto, de 900 mil toneladas.
Para acompanhar o incremento da capacidade produtiva e manter sua estratégia de autogeração de energia em 60% – a média mundial é de 28% -, a CBA investiu R$ 1,2 bilhão na implantação das Usinas Hidrelétricas de Piraju e Ourinhos, localizadas no rio Paranapanema, além da participação nas Usinas Barra Grande e Campos Novos, instaladas no Estado de Santa Catarina, e a Usina de Machadinho, no rio Uruguai (SC/RS).
Também aplicou na modernização das Usinas Hidrelétricas de Santa Helena e Votorantim, localizadas no rio Sorocaba. Foi criada uma nova subestação de energia elétrica próximo à Fábrica da CBA.
Com relação à sua fábrica, a CBA investiu R$ 3,5 bilhões nos últimos cinco anos. Com esse montante, a área da alumina, onde é produzido o óxido de alumínio, foi expandida e três novas salas de redução de alumínio primário foram construídas.
Na área de transformação plástica, um dos destaques foi a inauguração de uma nova área de laminação, que entrou em operação em abril do ano passado, possibilitando a produção de bobinas de alumínio com dois metros de largura e peso de até 14 toneladas. Foram adquiridos também mais dois novos casters, que produzem chapas pelo processo de fundição contínua, para se somar aos dez já existentes e, além deles, a CBA investiu na compra de outros equipamentos, tais como: moinho barra/bolas, virador de vagões e nova subestação de energia elétrica.
Autor: Viviane Nunes